segunda-feira, 7 de setembro de 2009










“Quem acha que ler é se fechar ao mundo exterior está perdendo a brincadeira.”

Daniel Piza

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Setembrinho






Para lembrar de virar a folhinha, é primeiro de setembro.
Faltam apenas 3 meses para que se recomece a contagem dos 365 ou talvez 366 dias em que nosso azulzinho entorna o sol. Muita água pra rolar eu sei. Mas como nos pegamos sempre a comentar: “o ano passou que nem vi ”proponho essa pequena pausa, só para vermos que tudo está caminhando.
Estamos brandamente sobrevivendo e agradecendo as surpresas boas que o tempo vem trazendo, sim, porque as ruins é melhor esquecer. A crise, a tal crise – toc,toc,toc –está saindo de fininho, embora alguns indiquem uma retomada para ainda este nosso setembro. De novo, coisas ruins? Melhor esquecer. E por mais que eu saiba sim, agora o inverninho vai indo pro norte e nossa primavera pedindo passagem, não é racionalmente a mudança climática que me traz mais latente a passagem do tempo, mas assistir da minha ‘cadeira de olhar’ a vinda e partida de viajantes.
A minha explicação torta pra isso - torta, mas não exaustiva - é que assistindo a repetições de começo e fim eu me dou conta de que alguma coisa acaba porque seu tempo terminou. E que seu tempo terminou porque o seu tempo passou. É irresistível remeter essa afirmativa à estória da cobra que morde o rabo, mas é assim que se dá comigo. A partir de constatações óbvias, consigo abandonar um pensamento mesmo que pareça superficial, quotidiano e simplório.
Christophe, mais um dos viajantes que encontrei por aí, falou coisa que abrandou meus temores de – agora eu sei – constatar os andares do tempo, numa analogia própria de um professor de pequenos. "É como se a gente estivesse em um teatro, a peça é encenada e quando as cortinas fecham, a gente sabe que a peça acabou.Simples assim. É hora de partir". O mesmo palco dará lugar a nova emoções, essa é acréscimo desta aqui que vos fala. A constatação foi feita num banco de praça de frente para o azul do nosso mar.
De volta, na caminhada, vislumbrei uma delicada modificação na minha (nossa) landscape provinciana. As pedras da praia tinham algo como ‘raízes brancas’ – se assim se pode falar. Talvez nunca tenha visto tal brancura nas pedras da praia da barra porque elas sempre estiveram cobertas pela água, nunca as tinha visto tão à mostra. O céu estava tão azul, o branco se destacava porque era pra ser marrom ali, e não extremamente branco como me parecia...
Era a nova cena que se mostrava, as cortinas se abriam novamente. Quando eu terminar a caminhada, já vai ter passado o tempo – pequenino grão-de-areia – enquanto espero avistar gaivotas. Mas eu sei que elas não chegam.



* Colagem da minha cadeira de olhar o mundo