quinta-feira, 30 de julho de 2009
Jasmim-manga (Plumeria rubra)
Inverninho baiano. Tempo de plumeria rubra ou simplesmente jasmim-manga. Depois que caíram as folhas, são elas trazendo florzinhas brancas, alaranjadas, vermelhinhas ou num tom quase-vinho. Não, eu não sei nada sobre floradas e coisas do gênero. Estava folheando uma revista e pensei: só pode ser essa a flor e aquele, sim – aquele cheirinho bom – quando passo de noite numa rua pertinho de casa.
A noite é minha como numa madrugada descortinada por um conto de Francis Scott Fitzgerald. Faço meu caminho de volta. Atravesso a rua negra, e vejo uma flor perfumada que chama outras flores perfumadas como um caminho secreto de odores. Aos montes, derramadas pelas calçadas. Brancas e abertas como estrelas, quase amarelas como pequenas notas de calor. Eu digo secreto porque passam os carros, os transeuntes, os cachorros sem dono ... Ei, daquele gradil mimetizado brotam jasmins-manga, sabiam? Pelo menos até findar a primavera e chegar o nosso superlativo verão.
terça-feira, 21 de julho de 2009
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Abraço "com as mãos"
Acabo de resolver meu problema de abraços. Eu não sabia que era um problema até conhecer Le Petit Nicholas, e compreender assim que existem outras formas de afeto discreto e sincero. Como aulas de conversação em francês para ajudar uma pobre moça chata a praticar o idioma :-P; fazer um desenho feio num caderno bonito; tirar uma foto de duas novas e já boas amigas no museu – com uma gota de baía azul ao fundo. Ah, claro: e o grande e universal aperto de mão.
40 anos que o homem pisou na superfície lunar e nada mais tecnologicamente avançado foi inventado. Com o aberto de mão, e o pequeno silêncio que ele encerra, desejos de que tudo corra bem do lado daqui e de lá. Ciência de que o tempo passou e as coisas têm fim para, quem sabe recomeçar em outro lugar. Ou simplesmente têm fim e é assim que é a vida, ora. Vai dizer que você aí não sabia?
Me debruço por esses dois ou três minutinhos aqui para dizer que passei por mais um teste de adeus, ou até breve, para deixar o coração bem mais forte. É como uma pequena maratona emocional que passo com louvor tentando alguma sofisticação. Este último com mais um aprendizado sobre choque cultural e coisa e tal.
Foi na esquina da rua deserta que vai dar no mar que dei um grato abraço longo e bem apertado - só que com as mãos - desejando boa viagem ao Le Petit Nicholas. “Prends soin de toi et bonne chance”, falou.
É o que no fundo fazemos em diferentes medidas durante toda a vida. Nos pequenos recortes do cotidiano. Para quem vai tomando seu rumo de avião, táxi, trem, ônibus, bicicleta ... a pé. Pra quem simplesmente dobra a esquina como eu fiz, como ele fez. E estamos conversados.
D.
* Em tradução livre leve e solta: “cuide-se e boa sorte”.
sábado, 18 de julho de 2009
Des liens
sábado, 11 de julho de 2009
Dois "presentes-desenhos"
quarta-feira, 8 de julho de 2009
4 de julho de 1862
Foi a data que ficou ‘inscrita’ como o dia em que Lewis Carroll- autor de Alice no País das Maravilhas - fez o passeio de barco descrito logo no comecinho do livro:
“Juntos naquela tarde dourada
Deslizávamos em doce vagar,
Pois em braços pequenos, ineptos,
Que iam os remos a manobrar,
Enquanto mãozinhas fingiam apenas
O percurso do barco determinar.”
Carroll então passeava com as irmãs Liddell e o reverendo Robinson Duckworth nas águas do rio Tâmisa. Apesar do relato metereológico daquele 4 de julho informar chuvas e não o dia ameno que se cristalizou. Mesmo assim...você não está ouvindo os pássaros gorjeando?
O passeio, por conta de 5 km ficou registrado na história da literatura (segundo registrou W.H.Auden). E sete meses mais tarde segundo anotações do próprio Lewis Carroll foi “Ocasião em que contei a elas o conto de fadas das aventuras subterrâneas de Alice”. Vejamos, então se não foi o próprio senhor Charles Dodgson – esse é o nome real do autor de Alice – o responsável pela deliciosa e inaugural fantasia voluntária que é o ponta pé inicial do livro.
As estórias de Alice – no País das maravilhas e Através do espelho – conforme conta a edição de Martin Gardner em seu The Annotated Alice: Definitive Edition é uma colcha de detalhes curiosos que vão de cantigas megapopulares à época da feitura do livro a menções a marcas de queijo (the Cheshire-Cat) e jogos matemáticos criados pelo próprio Carroll .
A edição sobre a qual me refestelo no momento é tradução da Zahar Editor – de 2001 – comprei e não sei por que deixei pelo meio. Alguns anos depois, resolvi retomá-lo. A prudência me levou a começar do começo.
A narrativa do Dogson me interessa pela simplicidade genial que se mostra no que, ao meu ver, poderia ser classificado como um conto dadaísta por excelência.
Pareceu-me que o livro surgiu como um patchwork atiçado pela incansável curiosidade infantil. Que ao mesmo tempo em que quer ver repetida a estória à enésima potência quer que a ela sejam adicionados fatos inéditos.
E isso se confirma no relato do próprio autor: “... e muitos contos de fadas haviam sido improvisados em benefício delas, quer em momento em que o narrador estava inspirado e fantasias involuntárias saltavam aos bandos ... no entanto nenhuma dessas muitas histórias foi escrita: viviam e morriam como maruins de verão”.
E mais: “numa tentativa desesperada de chegar a um conto de fadas de feição diferente, eu, pra começar, tinha despachado a minha heroína diretamente por uma toca de coelho, sem a mínima ideia do que deveria acontecer depois.”
Capítulos
Eu gosto, e simplesmente gosto do título de alguns capítulos. São intrigantes e nonsense. Claro, não para a mente de uma criança.
“Porco e Pimenta”
É neste em que aparece pela primeira vez o Gato de Cheshire e o seu sorriso enigmático (logo de um queijo celebrado na época), a duquesa – inspirada em Margaret da Caríntia e do Tirol – e o bebê que se revela um porco. Dizem que para o Carroll os menininhos eram como porcos!
Ah, sim no capítulo “Uma corrida em Comitê e uma História Comprida” aparece o querido Dodô – que me deu uma longa e saborosa conversa no msn com meu queridíssimo Franklin.
Vou lembrar também o “A História da Tartaruga Falsa.” Com aquela tartaruga chorooosa que só. A sopa da tartaruga falsa é na realidade, a imitação de uma sopa de tartaruga verde, geralmente feita com Vitela e por isso o ilustrador John Tenniel desenhou uma tartaruga com cabeça, patas traseiras e rabo de bezerro. O “Conselho de uma Lagarta”. Neste último a lagarta que fumava um narguilé em cima de um cogumelo...Adultos e crianças aqui fazem uso do seu próprio entendimento das coisas, não é?
“Quem é você? Perguntou a lagarta
Alice respondeu , meio encabulada: “Eu mal sei, Sir (...) pelo menos sei quem eu era quando me levantei esta manhã, mas acho que já passei por várias mudanças desde então.”
Seria a lagarta um autêntico riponga, baba-cool ou coisa do gênero? Ou simplesmente um parente distante do mestre dos magos?
Foi a data que ficou ‘inscrita’ como o dia em que Lewis Carroll- autor de Alice no País das Maravilhas - fez o passeio de barco descrito logo no comecinho do livro:
“Juntos naquela tarde dourada
Deslizávamos em doce vagar,
Pois em braços pequenos, ineptos,
Que iam os remos a manobrar,
Enquanto mãozinhas fingiam apenas
O percurso do barco determinar.”
Carroll então passeava com as irmãs Liddell e o reverendo Robinson Duckworth nas águas do rio Tâmisa. Apesar do relato metereológico daquele 4 de julho informar chuvas e não o dia ameno que se cristalizou. Mesmo assim...você não está ouvindo os pássaros gorjeando?
O passeio, por conta de 5 km ficou registrado na história da literatura (segundo registrou W.H.Auden). E sete meses mais tarde segundo anotações do próprio Lewis Carroll foi “Ocasião em que contei a elas o conto de fadas das aventuras subterrâneas de Alice”. Vejamos, então se não foi o próprio senhor Charles Dodgson – esse é o nome real do autor de Alice – o responsável pela deliciosa e inaugural fantasia voluntária que é o ponta pé inicial do livro.
As estórias de Alice – no País das maravilhas e Através do espelho – conforme conta a edição de Martin Gardner em seu The Annotated Alice: Definitive Edition é uma colcha de detalhes curiosos que vão de cantigas megapopulares à época da feitura do livro a menções a marcas de queijo (the Cheshire-Cat) e jogos matemáticos criados pelo próprio Carroll .
A edição sobre a qual me refestelo no momento é tradução da Zahar Editor – de 2001 – comprei e não sei por que deixei pelo meio. Alguns anos depois, resolvi retomá-lo. A prudência me levou a começar do começo.
A narrativa do Dogson me interessa pela simplicidade genial que se mostra no que, ao meu ver, poderia ser classificado como um conto dadaísta por excelência.
Pareceu-me que o livro surgiu como um patchwork atiçado pela incansável curiosidade infantil. Que ao mesmo tempo em que quer ver repetida a estória à enésima potência quer que a ela sejam adicionados fatos inéditos.
E isso se confirma no relato do próprio autor: “... e muitos contos de fadas haviam sido improvisados em benefício delas, quer em momento em que o narrador estava inspirado e fantasias involuntárias saltavam aos bandos ... no entanto nenhuma dessas muitas histórias foi escrita: viviam e morriam como maruins de verão”.
E mais: “numa tentativa desesperada de chegar a um conto de fadas de feição diferente, eu, pra começar, tinha despachado a minha heroína diretamente por uma toca de coelho, sem a mínima ideia do que deveria acontecer depois.”
Capítulos
Eu gosto, e simplesmente gosto do título de alguns capítulos. São intrigantes e nonsense. Claro, não para a mente de uma criança.
“Porco e Pimenta”
É neste em que aparece pela primeira vez o Gato de Cheshire e o seu sorriso enigmático (logo de um queijo celebrado na época), a duquesa – inspirada em Margaret da Caríntia e do Tirol – e o bebê que se revela um porco. Dizem que para o Carroll os menininhos eram como porcos!
Ah, sim no capítulo “Uma corrida em Comitê e uma História Comprida” aparece o querido Dodô – que me deu uma longa e saborosa conversa no msn com meu queridíssimo Franklin.
Vou lembrar também o “A História da Tartaruga Falsa.” Com aquela tartaruga chorooosa que só. A sopa da tartaruga falsa é na realidade, a imitação de uma sopa de tartaruga verde, geralmente feita com Vitela e por isso o ilustrador John Tenniel desenhou uma tartaruga com cabeça, patas traseiras e rabo de bezerro. O “Conselho de uma Lagarta”. Neste último a lagarta que fumava um narguilé em cima de um cogumelo...Adultos e crianças aqui fazem uso do seu próprio entendimento das coisas, não é?
“Quem é você? Perguntou a lagarta
Alice respondeu , meio encabulada: “Eu mal sei, Sir (...) pelo menos sei quem eu era quando me levantei esta manhã, mas acho que já passei por várias mudanças desde então.”
Seria a lagarta um autêntico riponga, baba-cool ou coisa do gênero? Ou simplesmente um parente distante do mestre dos magos?
domingo, 5 de julho de 2009
Sobre Encontros ao Acaso ou Patinetes
Um pouquinho de filme no fim de semana,e resolvi falar sobre Encontros ao Acaso ou "Come early morning". Porque é um filme sobre a expressão desajeitada do amor.
A personagem de Ashley Judd prefere ter relações com finalidade definida e motivação acertada - objetivamente sexuais e declaradamente transitórias. Fazendo questão de retirar o acaso e outras flores do caminho.
Ela faz outras escolhas mais acolhedoras como cuidar dos avós e tentar a reaproximação paterna. Isso é amor também,e sem patinetes, todo o mundo sabe!
Ela simplesmente separa amor e o sexo. Ou ela escolhe não colher espinhos?
É menos dolorido ser o senhor das escolhas. Acontece que às vezes vem um vento que derruba tudo.
Asheley Judd está muito bem no seu desajeitamento amoroso. No seu pouco embaraço no enfrentamento com o inesperado.
A maneira como o filme não apresenta solução alguma também é mais que interessante e tira qualquer angústia desesperançada - eu não disse desesperada - de um furor promissor no amor - amoroso , familiar ou qualquer coisa que o valha. Mas aposta nas suas escolhas. Que são sempre pra lá de difíceis e sem fim. Sem pouso.
O final feliz é o exercício diário de estar bem consigo mesmo e, bem a ação de guardar as armas dentro daquela gaveta esquecida.
E as minhas escolhas? É, às vezes se esquece que se pode.
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